Devoção e preces restauradas

Reportagem Marina Rattes
Fotos Cezar Felix

É simplesmente colossal a riqueza do patrimônio histórico, artístico e arquitetônico reunido nos monumentos religiosos de Tiradentes. O bom estado de conservação dos templos é resultado de trabalhos de restauração iniciados em 2012, com recursos do BNDES. Destaque para a Matriz de Santo Antônio, uma obra-prima da arquitetura barroca em Minas Gerais e no Brasil, cuja construção começou em 1710, e a mais recente obra de restauração da edificação foi finalizada no ano de 2002. A expectativa agora é pelo término dos trabalhos que estão sendo realizados na Igreja da Santíssima Trindade.

Capela de São Francisco de Paula

Conta a lenda que chove em Tiradentes toda vez que se tira a imagem de São Francisco de Paula do altar-mor. Construída provavelmente em meados do século XVIII, a singela Capela de São Francisco de Paula é dona de uma das mais belas vistas da cidade. Do gramado, avistam-se todo o casario histórico e a imponente Matriz de Santo Antônio. No mesmo gramado, encontra-se um cruzeiro datado de 1718, ano em que o então Arraial de São José foi elevado à categoria de vila.

Capela de São Francisco de Paula.

A capela tem fachada simples, com porta larga em verga curva, duas janelas com sacada à altura do coro, frontão triangular, cruz de ferro oitocentista e sineiras. No interior, uma nave única com duas sacristias laterais e retábulo em madeira com dois nichos laterais e camarim central decorado com pintura popular de 1938. O templo possui três imagens e um crucifixo do século XVIII, além de um forro pintado com um painel da década de 1940. O pequeno coro, com balaústres recortados, os ex-votos pintados na parede e o painel da missa de Primeira Comunhão são os elementos mais curiosos.

Pintura setecentista recuperada

Antes de ser tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1964, a capela passou por uma grande reforma, em 1942, que descaracterizou sobremaneira as feições originais da construção. De acordo com o pesquisador Olinto Rodrigues, no livro Tiradentes – Monumentos preservados, foram abertos arcos nas paredes da nave, ladrilhadas as sacristias e a entrada da nave, substituído o assoalho, refeito o telhado, recapeadas as paredes de taipa com tijolos, refeito o forro de pinho na sacristia, substituída a porta principal e feita uma pintura decorativa em toda a igreja. Depois disso, outras pequenas obras de manutenção foram realizadas ao longo do século XX.

Entre 2012 e 2013, como parte das ações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em Tiradentes, a capela foi totalmente restaurada. O projeto, que custou cerca de R$ 900 mil, foi aprovado e fiscalizado pelo Iphan.

Dentre as intervenções mais importantes, está a restauração do antigo retábulo, das pinturas parietais, dos arcos e das imagens. O presbitério, onde se encontra o altar, foi revestido de madeira. Uma pintura setecentista foi localizada e, então, recuperada. Além disso, foram reformados os telhados, os forros, as alvenarias, os pisos, os sanitários e o passeio em torno da igreja.

Na fachada, os guarda-corpos de tijolo e cimento deram lugar a balaústres de madeira torneada, baseados nos da Capela de Bom Jesus da Pobreza. A edificação ganhou ainda iluminação externa cenográfica.

Capela dos Cinco Passos da Paixão

As capelas dos Passos da Paixão remontam à antiga tradição de reproduzir a via-crúcis. Praticamente todas as cidades coloniais mineiras possuíam pequenos oratórios por onde passava a Procissão do Senhor dos Passos. Em Tiradentes, são cinco, construídos a partir de meados do século XVIII e espalhados pelo Centro Histórico: Largo das Forras, Rua Direita, Rosário, Largo da Câmara e Largo do Ó. Há ainda um pequeno prédio, na Rua Padre Toledo, de um passo extinto em 1807, com a mudança do trajeto da procissão.

Uma das capelas dos Passos da Paixão.

Ao longo do século XX, os passos passaram por diversas obras de manutenção. A última delas está sendo executada com recursos do BNDES e prevê a restauração artística dos retábulos, painéis, pinturas das paredes e das portas, forros e outros elementos artísticos. A pintura externa ficou a cargo da Prefeitura de Tiradentes, por meio do Fundo Municipal de Patrimônio Cultural. A previsão de entrega dos Passos à comunidade é em maio de 2018.

Igreja Nossa Senhora do Pilar do Padre Gaspar

Reza a lenda que, no início do século XVIII, três padres irmãos chegaram à região da Vila de São João e se separaram, para cada um construir a própria igreja. O primeiro, padre Livramento, construiu a Igreja de Nossa Senhora do Livramento; o segundo, padre Gaspar, a de Nossa Senhora do Pilar; e o terceiro, padre Trindade, a da Santíssima Trindade. Dizem que, em dias de céu limpo, de uma igreja, é possível avistar as outras duas, formando, assim, um triângulo.

Mas o fato é que não existe documentação sobre a obra de construção e decoração da Igreja Nossa Senhora do Pilar. Sabe-se somente que, até falecer, em 1771, padre Gaspar da Silva Pimenta foi o capelão do templo.

A igreja possui arquitetura característica de área rural, com fachada simples, em oitão, e telhado em duas águas. Originalmente, o interior contava com uma nave, capela-mor, duas sacristias, um consistório e um pequeno puxado lateral, onde se instalou o batistério. Entre os anos de 1936 e 1940, no entanto, o templo passou por uma ampla reforma, que descaracterizou o monumento. Uma torre desproporcional foi construída, e arcos, abertos na capela-mor. Além disso, o telhado, as beiras de frontão e o piso em assoalho de madeira foram substituídos.

Elementos artísticos restaurados

Ao longo do século XX e nos primeiros anos do século XXI, a capela passou por outras pequenas reformas. Entre 2000 e 2001, a equipe de obras urgentes do Iphan recuperou o trono e parte do camarim, que estavam seriamente comprometidos. Depois do tombamento pelo município, em 2003, a igreja sofreu ainda pequenas intervenções. Em 2007, a prefeitura restaurou o telhado e realizou serviços nas esquadrias e pintura geral.

Entre 2012 e 2014, a Oficina de Teatro Entre&Vista administrou e o BNDES financiou um projeto de cerca de R$ 900 mil para a restauração arquitetônica e artística da capela. Foram reformados os telhados, pisos e janelas; corrigidas as fendas e rachaduras das paredes; e refeitos os rebocos interno e externo. Foi ainda construído um novo passeio em torno da capela e feitas novas instalações elétricas.

O grande ganho, no entanto, foi a restauração de todos os elementos artísticos. O forro da capela-mor, os retábulos, a tribuna, o trono, o sacrário, o púlpito e as pinturas recuperaram as características originais.

Igreja de São João Evangelista

Face à inexistência de documentação, quase nada há sobre a construção dessa igreja. Sabe-se apenas que a Irmandade de São João Evangelista dos Homens Pardos foi fundada por volta de 1740, na Igreja Matriz de Santo Antônio. A construção da capela teria se iniciado por volta de 1750, com recursos provenientes dos irmãos. Lá, foram criadas, em 1812, a Irmandade de São Francisco de Assis dos Pardos, que, segundo parece, teve breve duração, e a confraria de Nossa Senhora das Dores, fundada por volta de 1816.

Igreja de São João Evangelista.

Depois da matriz, a Igreja de São João Evangelista é a maior de Tiradentes. A fachada principal é bastante simples, marcada por quatro cunhais largos, porta de verga curva, encimada por duas janelas, e sineira alojada em uma das janelas laterais. A planta segue um estilo comum nas cidades históricas mineiras, com nave retangular e capela-mor mais estreita, cômodos laterais e um grande salão por trás da capela-mor. Os altares laterais e o arco-cruzeiro apresentam talha rococó. Na capela-mor, está sepultado Manoel Dias de Oliveira, um dos mais expressivos compositores da época.

Intervenções

Durante o século XX, a Igreja de São João Evangelista passou por algumas obras de manutenção. Em 1960, quando a Diocese de São João del-Rei transformou a igreja em capela do Seminário Diocesano São Tiago, foi feita uma grande restauração, com verbas do Iphan e da Diocese, que recuperou os telhados, forros, assoalhos, esquadrias e pintura. Quatro anos depois, em 1964, o monumento foi tombado pelo Iphan. No final dos anos de 1970 e também nos anos de 1980 e 1990, outras intervenções foram feitas para a manutenção da estrutura.

Entre 2000 e 2002, o Iphan restaurou vários elementos artísticos do interior da igreja, dentre eles, dois painéis laterais e o forro da capela-mor, o retábulo, a cimalha e o oratório da sacristia.

Com uma verba de R$ 2,1 milhões, financiada pelo BNDES, o Instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes iniciou, em 2013, a restauração arquitetônica e artística da Igreja São João Evangelista. Na obra, que durou três anos, foi substituído quase todo o assoalho, foram revisados os telhados e rebocos e refeita a pintura geral. As fiações elétricas e o sistema de segurança foram trocados. Os elementos artísticos foram completamente restaurados, à exceção do retábulo-mor, que recebeu tratamento apenas de conservação. O projeto incluiu o restauro da banqueta do retábulo-mor, de todas as imagens sacras, telas da nave, do frontal do retábulo-mor e dos confessionários.

Igreja de Nossa Senhora das Mercês

A data de construção da Igreja de Nossa Senhora das Mercês é desconhecida. Sabe-se que, em 1807, a capela estava parcialmente construída, já que recebeu a Procissão de Nosso Senhor dos Passos. Também é sabido que a construção ocorreu de forma bastante lenta e que se arrastou até o século XX.

Igreja de Nossa Senhora das Mercês.

A fachada da igreja — tombada pelo Iphan, em 1964 — é simples, com uma porta larga e duas janelas à altura do coro. À esquerda, uma sineira. A planta é centrada por uma nave e uma capela-mor mais estreita, com duas sacristias e dois consistórios. No interior, um rico altar-mor, de estilo rococó, com arco-cruzeiro coberto de talha dourada e policromada. Há ainda uma balaustrada de jacarandá torneado e dois púlpitos policromados, já do século XX. Pinturas ao gosto rococó cobrem os forros da nave e da capela-mor.

Restauração arquitetônica

Nos séculos XIX e XX, a manutenção da igreja ficou a cargo da Arquiconfraria de Nossa Senhora das Mercês, que realizou várias obras de manutenção, a maior delas em 1923, quando substituiu os assoalhos de campa por tábua corrida.

Entre 1984 e 1992, o Iphan realizou diversas obras de manutenção e restauração no monumento, com períodos de paralisação, para atender outros trabalhos emergenciais. Dentre as intervenções, merecem destaque a recomposição dos forros da sacristia e da entrada lateral, a transformação da antiga casa de depósito em local de velório e a restauração dos telhados, portas e janelas.

A última intervenção na igreja aconteceu entre 2012 e 2015. O projeto, de R$ 1,3 milhão, proposto pela Oficina de Teatro Entre&Vista e financiado pelo BNDES, promoveu a recuperação de todos os elementos artísticos, além da restauração arquitetônica do edifício. Destaque para a recuperação do retábulo e dos forros da nave, da capela-mor e da sacristia. Foram restauradas, ainda, imagens e peças em prata, datadas do século XIX.

Capela do Senhor Bom Jesus da Pobreza

Localizada no Largo das Forras, principal praça de Tiradentes, a Capela do Senhor Bom Jesus da Pobreza possui escassa documentação sobre a própria história. Sabe-se que o templo foi construído pelo capitão-mor Gonçalo Joaquim de Barros, como pagamento de uma promessa, provavelmente no ano de 1786.

Igreja Senhor Bom Jesus da Pobreza.

A primeira reforma de que se tem notícia data de 1940, quando o então vigário, José Bernardino de Siqueira, realizou obras para reconstrução do retábulo, substituição do assoalho original e abertura de porta lateral. Na ocasião, Francisco Cezário Coelho foi contratado para pintar as paredes da nave, o frontal do altar, a cimalha e o retábulo.
Nos anos seguintes, o monumento passou por diversas intervenções, a última delas iniciada em 2005. Com material cedido por um doador anônimo e uma equipe composta por funcionários do Iphan e da prefeitura, foi feita a restauração arquitetônica da capela. Os elementos artísticos também foram recuperados, graças ao financiamento de Ricardo e Maria Lídia Montenegro. Em setembro de 2007, durante a Festa da Exaltação da Santa Cruz e do Bom Jesus, a igreja foi reaberta ao público.

Por se encontrar em bom estado de conservação, a Capela do Senhor Bom Jesus da Pobreza não foi contemplada pelo BNDES nas últimas ações na cidade.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário

Todos os livros da Irmandade do Rosário dos Pretos anteriores a 1800 desapareceram, não restando nenhuma documentação sobre a construção da igreja. A partir do sistema construtivo dela, em alvenaria de pedra, com esquadrias de cantaria lavrada em arenito amarelado, e das portas e janelas de vergas retas, usadas em Minas Gerais na primeira metade do século XVIII, o Iphan situa a obra entre 1740 e 1770.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário.

A planta é composta por nave retangular, capela-mor, duas sacristias, um consistório e sineira à esquerda. Na fachada, portada de verga reta, com frisos curvos e tarja de gosto barroco, nicho com imagem de São Benedito, dois pares de cunhais que sustentam uma cimalha larga, duas janelas à altura do coro e frontão em curva, encimado por uma cruz. Internamente, altar-mor com retábulo rococó do século XVIII e dois retábulos colaterais menores. Possui, ainda, bela balaustrada torneada, púlpito com bacia de cantaria, coro com pilastras e capela-mor com forro pintado em tarja, com perspectiva barroca e decoração rococó. A nave apresenta forro copiado da matriz, com 18 painéis do início do século XIX.

Nenhum problema estrutural

Ao longo do século XX, foram feitas diversas obras para a manutenção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a mais completa delas executada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), entre os anos de 1981 e 1982. Na ocasião, o monumento teve os telhados, grande parte dos rebocos e toda a instalação elétrica refeitos. Foi realizada, ainda, nova pintura geral, drenagem em torno da capela e restauração dos pisos, esquadrias e guilhotinas das vidraças. Também os retábulos laterais e do altar-mor, a sacristia, o coro e o forro da nave foram restaurados.
A igreja, que, de acordo com o pesquisador do Iphan Olinto Rodrigues, não tem nenhum problema estrutural, ficou de fora do grupo de monumentos beneficiados pelo BNDES na cidade. Segundo o vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes, Rogério Almeida, existe atualmente um projeto de restauração arquitetônica e artística para o monumento, que deve ser submetido à Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) em breve.

Igreja da Santíssima Trindade

A Igreja da Santíssima Trindade teve origem numa pequena capela erguida em 1776, pelo ermitão Antônio Fraga, com o dinheiro de esmolas recolhidas por ele. Ao longo dos anos, a estrutura original da capela ganhou vários elementos. Atualmente, é formada por nave e capela-mor ladeadas por sacristias e consistórios do século XIX. Na fachada, portada de pedra-sabão inacabada, duas janelas à altura do coro, frontão triangular e sinos nas duas laterais.

No interior, encontram-se o retábulo original de madeira recortada, um arco-cruzeiro simples, um púlpito em forma de paralelepípedo e dois altares com data posterior a 1824, feitos com talha aproveitada de altares mais antigos.
Do acervo, restam as imagens do “Pai eterno com Cristo crucificado” e de “Nossa Senhora das Dores e São José”, seis castiçais e oito telas muito descaracterizadas, que pertencem à matriz.

O último monumento

A igreja — tombada em 1964, pelo Iphan — passou por grandes reformas nas décadas de 1930, 1940 e 1980, as quais descaracterizaram a parte interna e o entorno do monumento.

Desde 2015, vem sendo realizada uma grande obra de restauração, financiada pelo BNDES. O projeto, de cerca de R$ 4,5 milhões, privilegiou a recuperação da estrutura e de todos os elementos arquitetônicos da igreja.
O Santuário da Santíssima Trindade será o último monumento contemplado pelos recursos do BNDES a ser entregue à comunidade. A previsão oficial de conclusão das obras era em maio de 2018, mas, devido à complexidade da obra, houve atraso. “O prazo já era apertado, além disso, foram aparecendo alguns imprevistos no decorrer da obra, como é normal em uma obra de restauração. Acredito que fique pronto entre julho e agosto”, explica Rodrigues.

Igreja Matriz de Santo Antônio

Obra-prima da arquitetura barroca em Minas Gerais, a Matriz de Santo Antônio impressiona pela imponência e pela beleza. A história da edificação remete ao início do século XVIII e se confunde com os primórdios da criação da cidade.

Matriz de Santo Antônio.

Apesar de não haver documentação oficial sobre isso, a tradição indica que as primeiras obras da igreja iniciaram-se em 1710. Sabe-se que, em 1732, o templo encontrava-se quase pronto, faltando apenas os assoalhos e os forros. Mesmo assim, as obras continuaram ao longo do século XVIII, com a ampliação da nave, a remodelação da fachada e a construção de consistórios e sacristias. Por volta de 1810, a Irmandade do Santíssimo Sacramento encomendou um projeto a Aleijadinho, para a reconstrução da frontaria, em estilo rococó.

Localizada na parte alta da cidade, a matriz apresenta planta em retângulo, com nave, capela-mor e sacristia. Possui escadaria com balaustradas de cantaria de pedra-sabão, fachada principal larga, frontão em curvas barrocas e portada de Aleijadinho. As duas janelas laterais ao nível do coro têm peitoris fechados, com balaustradas barrocas e cercaduras em pedra-sabão. Há, ainda, duas torres de cantos chanfrados, com sineira e relógio.

A matriz apresenta planta em retângulo.

Internamente, os dois retábulos de Nossa Senhora da Conceição e São Miguel e Almas são os mais antigos da igreja — ambos da primeira metade do século XVIII. Chama a atenção, o esplendoroso conjunto homogêneo de talha, no estilo dom João V, também da primeira metade do século XVIII. Do mesmo período, data a obra monumental do coro, com colunas e guirlandas douradas. O forro da capela-mor é pintado a ouro. O da nave é feito em caixotões arcaicos, com cenas e símbolos do Antigo Testamento.

O esplendoroso conjunto homogêneo de talha.

Obras de manutenção e restauração

Na capela-mor e no camarim, painéis pintados nos anos de 1736 e 1737. Os retábulos da Irmandade do Bom Jesus do Descendimento, do Bom Jesus dos Passos, de Nossa Senhora do Terço e de Nossa Senhora da Piedade foram executados nas décadas de 1730 e 1740. Merecem destaque, ainda, o assoalho em campas, as duas sacristias decoradas ao gosto rococó, os consistórios dos Passos, do Santíssimo Sacramento e do Descendimento — decorados com pinturas de Manoel Victor de Jesus —, um órgão e o relógio da torre, ambos confeccionados em Portugal e instalados em 1788. Vale mencionar, também, o relógio de sol em pedra-sabão, datado de 1785 — hoje um dos ícones mais famosos da cidade.

Ao longo dos séculos XIX e XX, a Matriz de Santo Antônio passou por diversas obras de manutenção e restauração. No entanto, no final da década de 1990, o monumento encontrava-se novamente degradado, com sérios problemas estruturais. Após demorados estudos, iniciou-se uma obra de restauração estrutural e arquitetônica, sob supervisão do Iphan. O projeto, de R$ 1,5 milhão — captado via Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) e com patrocínio do BNDES —, durou cerca de um ano e foi concluído em abril de 2002.

Atualmente, carecem de cuidados, os elementos artísticos da matriz. Por se tratar de um trabalho de altíssimo valor, o Grupo Gestor da Cidade de Tiradentes optou por não incluí-lo na lista de obras contempladas pelo BNDES em 2009 e utilizar a verba para beneficiar um número maior de monumentos.

Assim como a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a Matriz de Santo Antônio também já conta com um projeto de restauração pronto, que deve ser submetido à análise do Ministério da Cultura em breve, para captação de recursos via Lei Rouanet.

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