Do Cerrado para o mundo

Nunes Coffee

Do Cerrado para o mundo

 Representante de uma cafeicultura de excelência, cultivando café no Cerrado de Minas Gerais, a marca Nunes Coffee, de Patrocínio, alcança expressivo reconhecimento no setor, pela qualidade dos grãos que produz. Em 2017, foi consagrada pelo prêmio Cup of Excellence e bateu o recorde mundial de preço com uma saca de 60 quilos.

Cezar Felix (reportagem e fotos)

 A data é precisa: no dia 24 de novembro de 1984, o produtor rural Osmar Pereira Júnior usa uma área de apenas 10 hectares na propriedade da família, em Patrocínio, e planta as primeiras mudas de café arábica nas terras do Cerrado mineiro, na Fazenda Freitas.

Após 35 anos — de um cultivo ainda sem grandes pretensões por parte de quem se dedicava à criação de gado na companhia do pai —, aquela plantação evoluiu para uma cafeicultura de ponta, e lapidou-se uma história com a construção da empresa Nunes Coffee, hoje referência no setor, graças à qualidade do café que produz em 300 hectares de área cultivada.

 

Vista do prédio sede da empresa rural.

Uma prova definitiva da consagração da marca patrocinense foi a conquista, em 2017, do Prêmio Cup of Excellence da Associação de Cafés Especiais do Brasil (BSCA) na categoria “Pulped naturals”. Além da importante premiação, a saca de 60 quilos do Nunes Coffee foi vendida — um leilão virtual promovido pela Alliance for Coffee Excellence (ACE) — por R$ 55.457,60, um recorde mundial de preço. O quilo do café, que equivale a cerca de R$ 917, foi adquirido em seis sacas, por japoneses e australianos.

São 300 hectares de área cultivada no Cerrado de Patrocínio.

Evolução natural na qualidade

Do alto da experiência como homem do campo, Osmar Júnior argumenta que, nessas mais de três décadas, “uma inimaginável revolução aconteceu no campo e ainda acontece no paladar do consumidor cafeeiro mundial”. Para ele, o desenvolvimento da cafeicultura ocorreu também a partir da utilização dos modernos maquinários, essenciais para aprimorar os processos de plantio, manejo, colheita e pós-colheita, “trazendo mais rapidez e maior produtividade”. Juninho, como ele é conhecido no meio do agronegócio, explica que a mecanização trouxe “benefícios únicos para o café que vai para a xícara do consumidor”. E completa: ”são mais variedades plantadas, novos tipos de bebida e uma evolução natural na qualidade do produto final”, explica. O produtor afirma categoricamente que o café deixou de ser uma commodity“para se tornar especiaria, um produto valorizado e apreciado no mundo todo”.

A marca conquistou, em 2017, o Prêmio Cup of Excelence.

Um passo importante para que a Nunes Coffee se tornasse o que é hoje veio com a participação decisiva de um membro da terceira geração da família: Gabriel Alves Nunes, filho de Juninho, graduado em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Fundamentado pela reconhecida qualidade da formação na UFV, Gabriel imprimiu à produção conceitos e boas práticas de caráter empresarial para incrementar os negócios em torno do universo da cafeicultura.

 

Modernos maquinários e aprimoramento dos processos.

Objetivo na análise, Gabriel afirma que “a modernidade exige decisões rápidas e traz consequências imediatas. Antigamente se produzia pensando apenas no volume; hoje é preciso equilibrar os pilares social, ambiental e financeiro de uma fazenda para que o negócio prospere. Plantar hoje é garantir qualidade, fazer o manejo correto do solo, para reduzir o uso de insumos, ter consciência ambiental e entender o que o mercado busca na safra”.

Gabriel Nunes: conceitos e boas práticas de caráter empresarial

Investimento em tecnologia

A localização das fazendas Nunes Coffee, em uma região privilegiada, “com altitude ideal e pouca chuva durante a colheita”, conforme Gabriel, “naturalmente produz cafés de alta qualidade, mas é preciso também diferenciar-se para o consumidor”, alerta ele. “Por isso, continuamos investindo em tecnologia, em aprimorar os manejos e também em testar algumas fermentações controladas, para apurar a nossa bebida”.

A cada ano, entre 10 e 15% dos pés são renovados.

Os processos inovadores utilizados na metodologia de trabalho do pai e do filho seguem alcançando os melhores resultados, pois os cafés colhidos nas fazendas Nunes Coffee são avaliados entre os melhores do mundo. As premiações nacionais e internacionais alcançadas pelos cafeicultores patrocinenses refletem o reconhecimento “de um trabalho cotidiano, de união da família e de dedicação integral”, conta Gabriel. Segundo ele, é consenso entre os produtores de que não existe receita pronta para uma colheita premiada. Portanto, anualmente, entre 10% e 15% dos pés são renovados, para garantir colheitas sempre uniformes e de alta qualidade. “A participação em concursos é uma forma de avaliar o nosso produto, e isso tem sido muito bem-recebido”, ratifica Juninho.

A cada ano, entre 10 e 15% dos pés são renovados.

Dinâmica da produção e do mercado

 Como a prioridade é sempre aprimorar a qualidade, Gabriel Nunes também analisa a dinâmica da produção nas fazendas, inclusive com relação aos custos. Ele explica que os custos são praticamente os mesmos de uma cafeicultura convencional, já que buscam “a máxima produção do cafeeiro e com a nutrição adequada de cada planta de nossa lavoura”.  Gabriel esclarece que a maior diferença no preço final do produto ocorre devido à preparação de cada lote, a qual começa ainda na colheita. “Sempre buscamos fazer colheitas seletivas dos melhores frutos, e isso demanda mais mão de obra para o preparo desses cafés. Após serem colhidos, os grãos são secos em terreiros suspensos e rodados, de forma manual”.

Quando o produto chega ao mercado, há uma diferença de no mínimo 15% a favor dos cafés especiais em relação ao café tipo commodity. “Isso pode variar de acordo com a peculiaridade de cada café e o gosto final do comprador, que cada vez mais quer servir em suas cafeterias e torrefações esses cafés que realmente são superiores em qualidade”, esclarece Gabriel. Essa realidade se deve, na opinião do cafeicultor, à consolidação do produto café de qualidade: “em função dele, já existem muitas cafeterias especializadas em servir cafés especiais, e há o trabalho dos baristas, que ajudam a difundir a bebida e ainda conseguem inserir métodos de preparo até mesmo nos lares do consumidor”.

 

A ótima estrutura para receber os visitantes na fazenda.

Demanda por cafeterias

A notável expansão do mercado de cafeterias, sobretudo nas grandes cidades, é analisada por Gabriel Nunes como um tipo de empreendimento tendência, que veio para ficar. “Hoje a cafeteria se tornou até mesmo um local de trabalho e encontro de vários profissionais de diversas áreas. Como o mercado de café está cada dia mais exigente, há uma demanda por cafeterias. Porém, exige-se desse negócio muita criatividade, como forma de se reinventar para se manter no mercado”. O cafeicultor patrocinense vai mais longe na análise, argumentando que, para os cafés especiais, é uma demanda muito interessante, por os responsáveis por esse produto também estarem se reinventando “dentro das tecnologias de produção e nos processos” para servirem os melhores cafés. “Na minha opinião”, prossegue ele, “é um ciclo que está cada dia mais interessante e complexo, e a tendência é de melhoria do sistema como um todo. Um exemplo é a aproximação dos elos da cadeia: produtores e torrefadores estão cada dia mais próximos na busca da divulgação dos cafés especiais, dos métodos de preparo e da forma como (e por quem) eles são produzidos”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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