Parque do Limoeiro, trilhas da diversidade biológica

1.RevistaSagarana.AndréSena

Uma paisagem heterogênea, característica do parque.

A unidade de conservação, mais uma preciosidade da Serra do Espinhaço, é um importante recanto para a preservação da fauna e da flora típicas do Cerrado e da Mata Atlântica, além de ser um destino de alta qualidade para os ecoturistas.

Reportagem Cezar Félix
Fotos André Sena

Ecoturismo: belos atrativos.

Um lugar ainda pouco conhecido, apesar de localizado aproximadamente a 92 km de Belo Horizonte, em plena Serra do Espinhaço, e pertencente ao município de Itabira, especificamente ao conhecido distrito de Ipoema — sede do Museu do Tropeiro. Além do mais, fica apenas a cerca de 7 km do Parque Nacional da Serra do Cipó. Trata-se do Parque Estadual Mata do Limoeiro, dono de uma área de quase 2.100 hectares, que conserva importantes fragmentos do Cerrado e da Mata Atlântica.

A importância dessa unidade de conservação (UC) é traduzida no que já foi identificado na fauna e na flora quando se trata de exemplares seriamente ameaçados de extinção. Dentre os animais, destacam-se o gambá-de-orelha-branca, ainda sobrevivente em algumas áreas de Mata Atlântica, e o rato-do-mato, que resiste no Cerrado. Das plantas, sobrevivem protegidas no parque o samambaiuçu, a braúna-preta e o raríssimo jacarandá-caviúna —, uma das mais valorizadas madeiras brasileiras. As árvores variam entre 15 e 25 metros de altura e têm troncos rijos, negros e resistentes.

Diversidade biológica

Transição entre Mata Atlântica e Cerrado.

O nome do Parque Estadual — criado somente no ano de 2011 — é derivado de uma antiga propriedade de nome Fazenda do Limoeiro. A transição entre os importantes dois biomas tipicamente brasileiros confere a ela inestimável riqueza em diversidade natural. É preciso ressaltar que tanto a Mata Atlântica quanto o Cerrado são definidos como “hotspots”: isso quer dizer que são áreas de extrema riqueza biológica, donas de alto grau de endemismo e estão sob relevante ameaça.

Observação de pássaros. o birdwatching, é uma atividade em pleno desenvolvimento.

As diversas particularidades geológicas e topográficas da Mata do Limoeiro são características de terrenos muito antigos da bacia do Rio Doce (sub-bacia do Córrego Macuco). Daí, a complexidade deles, razão pela qual apresentam uma paisagem heterogênea de enorme interesse não só turístico, como também científico. Essa realidade justifica o reconhecimento, por parte dos moradores, pesquisadores e autoridades, da importância de se conservar a área.

Mosaico da fauna e da flora

Recantos paradisíacos.

O histórico da ocupação da área imprimiu na paisagem um caráter de mosaico, “onde as fisionomias vegetais nativas são representadas por fragmentos de mata mesclados entre áreas de pastagem”, conforme a descrição técnica observada nos informes oficiais dessa UC.

Por isso, é necessário ampliar as informações sobre a riqueza da flora e da fauna, ainda, felizmente, conservadas e protegidas dentro dos limites do Parque Estadual. São mais de 140 espécies vegetais, de 46 famílias botânicas. “A principal fisionomia vegetal é composta por florestas que perdem parte da folhagem na época seca”, de acordo com a mesma fonte. “Também são encontradas outras formações vegetais em menor proporção, como a mata de candeia (comum nas regiões de relevo acidentado de Minas Gerais) e os ambientes úmidos formados por várzeas (ambientes nos quais as espécies vegetais apresentam a capacidade de resistir à submersão permanente ou temporária).

O parque revela belas surpresas pelas trilhas.

Outras espécies de árvores presentes são o jequitibá, o gonçalo-alves, o vinhático, o pau-d’óleo, a garapa, os jacarandás, o ingá, o angico, a canela e o araticum. Algumas produzem flores ornamentais, como a quaresmeira, o ipê-amarelo e a canafístula. Existem também as plantas que apresentam importância econômico-ecológica, sendo elas macaúba, garapa, araticum, gonçalo-alves, guatambu, jequitibá, canafístula, ipê-amarelo, paratudo, ingá-canela, pindaíba-vermelha e o vinhático”, prossegue o documento.

O parque conserva e protege importantes espécies de árvores nobres.

No que se refere à fauna, registra-se a presença de um peixe seriamente ameaçado, o pirapitinga (peixe de médio porte; espécie endêmica das bacias dos rios Doce e Jequitinhonha). Segundo os registros do Parque, ainda vivem lá o cágado-d’água-da-serra (espécie semiaquática de água-doce, endêmica de regiões serranas de Mata Atlântica do Sudeste e da porção sul da região Nordeste do Brasil) e o gavião-pega-macaco (espécie encontrada em florestas úmidas de todo o país, especialmente na Mata Atlântica e na Floresta Amazônica, e que sobrevive em grande parte no Sudeste). Também foram registrados 300 morfoespécies de insetos, 23 espécies de peixes, 33 espécies de anfíbios, 18 espécies de répteis, 161 espécies de aves e 40 espécies de mamíferos.

Ecoturismo: belos e surpreendentes atrativos.

Destino do ecoturismo

O Parque Estadual Mata do Limoeiro é um ótimo destino para quem aprecia as atividades ligadas ao ecoturismo, aos esportes de aventura e à observação de pássaros, o birdwatching.

A UC conta com diversas trilhas, cachoeiras, grutas, mirantes, corredeiras. Na lista dos principais atrativos, destacam-se as cachoeiras Três Quedas, do Paredão, do Gabriel e a Lagoa do Limoeiro. Por registrar essa grande potencialidade turística, portanto, essa unidade de conservação, administrada pelo gerente Alex Amaral, demanda importantes princípios — “proteger sítios históricos ou arqueológicos em harmonia com o meio ambiente, e fortalecer a relação com as comunidades para que todos sejam parceiros na proteção da unidade de conservação”, segundo o documento já mencionado —, que são rigorosamente obedecidos. Eles se baseiam nas seguintes premissas: nas perspectivas do meio ambiente, dos usuários, dos processos internos e nas perspectivas econômicas.

Entre nuvens.

Na perspectiva do meio ambiente, é necessário eliminar a caça e a pesca do parque; recuperar as áreas degradadas e formar corredores ecológicos. Para os usuários, a ordem é promover o turismo integrado à conservação; incentivar a pesquisa; promover a integração do parque e a comunidade; promover a educação ambiental para a comunidade e visitantes; e possibilitar a vivência turística por meio do conhecimento. Nos processos internos, os desafios são formar monitores ambientais para o turismo; promover a interpretação ambiental; e proporcionar a educação ambiental. Além do mais, é preciso capacitar a equipe do parque e também da comunidade. Já nas perspectivas econômicas, é fundamental incrementar o orçamento de modo a se ampliarem os recursos financeiros.

 Os atrativos da Mata do Limoeiro

Para conhecer o parque e usufruir dos encantos dele, vale muito a pena caminhar pelas trilhas da unidade de conservação. Confira os lugares de visitação do parque, a distância e o tempo de cada um, para aproveitar o passeio com o máximo de qualidade.

Trilha dos sentidos: contato diferenciado com a natureza. Foto Divulgação.

Cachoeira do Derrubado. Localização: 4,5 km da sede do parque. Tempo de caminhada: 60 minutos.

Cachoeira do Gabriel. Localização: 2 km da sede do parque. Tempo de caminhada: 20 minutos.

Cachoeira do Paredão. Localização: 3,3 km de distância. Tempo de caminhada: 45 minutos.

Cascata do Limoeiro. Localização: 3,4 km de distância da sede do parque. Tempo de caminhada: 50 minutos.

Gruta do Limoeiro.

Lagoa do Limoeiro.

Lagoa do Sítio Jorge.

Mirante do Alto Campestre.

Mirante do Campestre.

Mirante do Lobo.

Mirante Mata do Segredo.

Trilha do Bosque.

Há ainda o Circuito Limoeiro para bicicletas. Extensão: 8,3 km. Tempo: 45 minutos. Grau de dificuldade: médio.

Comments are closed.

Parceiros do Turismo


Logo Parceiro Cadastur