Integrante do Mosaico do Espinhaço de Unidades Conservação e criado no ano de 2005, o Parque Estadual da Serra do Cabral encanta pela paisagem esculpida por matas, campos naturais, veredas, matas ciliares e os campos rupestres, além de vários cursos d’água e cachoeiras. A Serra do Cabral ainda reúne preciosos sítios arqueológicos, com pinturas rupestres datadas de até cerca de 7.000 anos.
Território amplo, aberto, dos Gerais. Bioma Cerrado, no centro-norte de Minas em plena Serra (Cordilheira) do Espinhaço, na margem direita do Rio São Francisco. Nessa região, a poucos quilômetros do Rio das Velhas, numa área de 22.494 hectares — que abarca os territórios dos municípios de Buenópolis e Joaquim Felício — está o Parque Estadual da Serra do Cabral, uma reserva de extrema importância do Cerrado, repleta de cenários de extraordinária beleza, em um valioso território de altitudes que variam entre 900 e 1.300 metros.
Criado em 2005 e integrante do Mosaico do Espinhaço de Unidades Conservação, o Parque da Serra do Cabral encanta pela paisagem esculpida por matas, campos naturais, veredas, matas ciliares, o cerradão e os campos rupestres. Dona de extensa rede hidrográfica, repleta de nascentes, cursos d’água e cachoeiras, a serra divide as bacias dos rios das Velhas e Jequitaí, ambos afluentes da margem direita do Velho Chico.
Pinturas rupestres
Há ainda a presença das várias lapas, onde destacam-se os muitos sítios arqueológicos pré-históricos lá existentes, com registros de pinturas rupestres, cuja predominância são dos chamados desenhos zoomorfos — aqueles que mostram figuras de animais e que apresentam muitos detalhes anatômicos deles. Porém, há também os desenhos com representações matemáticas, de astrologia e de homens (os antropomórficos).
Essas incríveis pinturas rupestres foram obras dos então habitantes, homens caçadores-coletores, que segundo alguns estudos, passaram a viver na serra há pelo menos 1.600 anos. Usando o vermelho, além do preto e branco e amarelo em menor escala, eles retratavam os animais. Já as figuras humanas eram retratadas bem menores, mas sempre como caçadores.
Há registros de que esses homens viveram na Serra do Cabral até há 350 anos aproximadamente. É preciso registrar que eles eram povos diferentes daqueles que habitaram a região central de Minas Gerais, conhecidos como “cabralinos”.
Porém, existem no parque pinturas rupestres catalogadas e datadas de até cerca de 7.000 anos. São 61 sítios arqueológicos, gravados em rochas de quartzo, nos grandes blocos de pedras arredondados (as matações) e nos abrigos das grutas.
Preciosas flora e fauna
Essas espetaculares características do Parque Estadual da Serra do Cabral são multiplicadas pelos preciosos exemplares da flora e da fauna, muitos em sério risco de extinção. Nos campos rupestres, por exemplo, que ocupam mais de 35% da área do parque, existem diferentes tipos de bromélias, cactus e muitas árvores embiruçu — cujo porte pode chegar a 25 metros e encanta pelas belas flores brancas ricas em pólen que atrai as abelhas e muitos pássaros como a maritaca e o beija-flor.
Os Cerrados, aproximadamente 25% da área, conservam muitas árvores, espécies típicas do bioma, como murici, pau-terra, pau-branco e a sucupira. No meio dessa rica vegetação, surgem as veredas com os seus buritis e o campo alagado em volta. Cantadas em prosa por Guimarães Rosa como o “oásis” do sertão, “a ocorrência da vereda condiciona-se ao afloramento do lençol freático, e elas exercem papel fundamental no sistema hidrológico, na manutenção da fauna do Cerrado, funcionando como local de pouso para a avifauna, atuando como refúgio, abrigo, fonte de alimento e local de reprodução também para a fauna terrestre e aquática”, como explica o portal da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Outro aspecto de grande importância é que as infiltrações das águas das veredas alimentam os aquíferos subterrâneos que, inclusive, são fundamentais para manter a saúde dos grandes rios como o São Francisco.
Sempre-vivas
Já os Campos, 20% da área, desvelam cenários indescritíveis de tão belos, pois são nas áreas alagadas e nos brejos que florescem as sempre-vivas — assim chamadas por serem capazes de manter as cores e o aspecto vivo mesmo depois de secas. Além de extremamente importantes para manter o equilíbrio na conservação da natureza tanto nos campos rupestres quanto nas veredas, as sempre-vivas são muito utilizadas como matérias-primas de artesanatos e arranjos para decoração de interiores. Ocorre que parte das sempre-vivas nativas encontradas no mercado como peças de decoração estão seriamente ameaçadas de extinção.
No entanto, existem também as comunidades extrativistas nessa região da Serra do Espinhaço que desenvolvem o manejo adequado da planta para a produção de artesanato. Aliás, a flor — uma tradição centenária — é a principal fonte de renda de muitas famílias locais.
Dentre exemplares da fauna ainda protegidos no PESC, destacam-se simplesmente 13 espécies de mamíferos incluídas na “Lista das Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais”, elaborada pelo COPAM (Conselho Estadual de Política Ambiental). Os animais são os seguintes: onça pintada, suçuarana, jaguatirica, gato do mato, tamanduá bandeira, tamanduá mirim, caititu, queixada, anta, lontra, sauá e lobo guará. Por essa a lista se tem uma clara ideia da enorme importância dessa magnífica reserva do Cerrado de Minas Gerais, um patrimônio de valor incalculável.
Turismo
O Parque Estadual da Serra do Cabral encontra-se aberto à visitação. Todavia, para passear pela bela reserva de Cerrado é preciso contratar guias turísticos. A Exitur Receptivos Turísticos tem grande tradição no trabalho de guiar os turistas pelo PesCabral. O sítio da empresa https://exiturreceptivoturistico.com.br informa que “a jornada de descobertas” começa no Centro Cultural em Buenópolis — local que abriga o Centro e é também a sede do Parque —, edificação em estilo neocolonial e construída há mais de 100 anos. “Neste espaço poderemos desvendar os segredos de achados arqueológicos da Serra do Cabral, como artefatos e materiais líticos, a história do Casarão, além de maquetes dos bens tombados do Município de Buenópolis”.
Após essa primeira parada, seguimos nosso O roteiro segue com uma “caminhada de leve, por entre as árvores do cerrado, passando por um córrego de águas cristalinas que deságua do Parque Estadual Serra do Cabral”. A trilha, por passarelas de madeira, segue pelo Cerrado rumo ao Mirante das Marianas. “É uma caminhada feita por uma trilha estreita que te faz suar, mas que a vista compensa!”, ratifica o sítio. O passeio termina no Parque do Riachão, área de lazer próxima à Buenópolis. Conforme a Exitur, o lugar“ tem piscinas naturais propícias para banho, uma passarela de madeira muito charmosa e flores para todo lado! Dependendo do dia do roteiro, ainda poderemos ver as nossas lavadeiras de roupas, que realizam essa prática tradicional há anos”.