Agostinho Patrus

Agostinho Patrus

O secretário de Turismo afirma que o o setor é visto pelo governo de Minas como pólo estratégico para o desenvolvimento econômico do estado. Prova disto é que, pela primeira vez, a Setur (Secretaria de Turismo) vai poder executar os seus recursos. Nesta entrevista, Patrus fala sobre investimentos em infraestrutura, explica qual será o papel de sua pasta nos preparativos para a Copa de 2014 e diz que o foco de sua gestão é voltado para a interiorização das ações com o objetivo de beneficiar todas as regiões de Minas Gerais.

Por: Cézar Félix
Fotos: Cacaio Six

— Qual é o balanço que o senhor faz de sua gestão na Secretaria de Turismo desde quando tomou posse?

Os números são muito positivos, assumimos uma secretaria que já estava fazendo um excepcional trabalho. Minas Gerais é o primeiro estado a descentralizar o ICMS turístico ao interior de Minas, um benefício às prefeituras, pois leva os recursos realmente a quem precisa se modernizar, melhorar a sua infraestrutura. Daí, a importância do  Conselho Estadual de Turismo e a dos Conselhos Municipais, pois um dos requisitos deste Programa é ter no município um Conselho Municipal de Turismo atuante. Tivemos alguns pontos importantes neste trajeto, seja no preparo de todo o planejamento para os próximos 20 anos — incluindo a preparação do PPAG (Plano Plurianual de Ação Governamental) para os próximos quatro anos — e também os novos planos estruturadores. Posso afirmar que as perspectivas são excelentes. Pela primeira vez, vamos poder contar com cinco programas estruturadores na Secretaria de Turismo. Outra questão é ressaltar  a modificação  proposta pela Lei Delegada: pela primeira vez, a Setur vai poder executar os seus recursos. De fato e de direito,  o turismo é visto pelo Governo de Minas como uma atividade estratégica para o desenvolvimento econômico do Estado.

— A Setur hoje tem maior autonomia?

Anteriormente, esta secretaria  dependia de outras secretarias para execução dos recursos que eram disponibilizados ao turismo pelo orçamento. O governador Antonio Anastasia, além de mudar essa situação,  aumentou as atribuições da Setur: não só devemos executar os recursos como também trabalhar junto aos receptivos, buscar a qualificação de profissionais, formatar novos produtos turísticos — visando inovar a oferta e a promoção de atrativos do estado—, revitalizar e embelezar os atrativos turísticos.

Vamos poder contratar, executar e acompanhar a execução dos projetos. Vamos trabalhar de acordo com os interesses turísticos de cada região. Vamos estar ligados diretamente a todos  os projetos, vamos antecipar e dar velocidade às obras. O principal objetivo é dar condições de prover infraestrutura para os turistas que já viajam por Minas Gerais e para os grandes eventos que aqui são realizados. Se há aumento de turistas precisamos também aumentar a infraestrutura. Todas as iniciativas da Setur integram um novo programa que o governador já anunciou, o Destino Minas. Posso garantir que alcançamos ótimos resultados, principalmente se levarmos em conta o crescente aumento no número de visitantes. Minas Gerais ocupa o segundo lugar como pólo receptor de turistas entre os destinos turísticos brasileiros.

— Por falar em recepção de turistas, existem pesquisas específicas para definir o perfil deste público?

Estudos de demanda de turismo são realizadas anualmente pela Setur. Estas pesquisas traçam o perfil dos visitantes no Estado, dentre eles o público internacional. Dessa forma, os resultados possibilitam conhecer as motivações de viagens, avaliação de produtos e serviços turísticos no Estado, forma de gasto, dentre outros dados relacionados a esta demanda específica. Por exemplo: já sabemos que 68,8% dos visitantes estrangeiros que vem a Minas Gerais são motivados pelo lazer, sendo que 63,2% desses entrevistados buscam atrativos relacionados ao turismo cultural, seguido pelo ecoturismo (25%). Estes resultados possibilitam a elaboração de políticas públicas mais focadas à demanda dos turistas internacionais e nos orientam a traçar as ações com foco nos grandes eventos internacionais que estão por chegar, como a Copa do Mundo de 2014.

— Não só em função da Copa de 2014, mas também pela necessidade urgente de ampliar a infraestrutura – também fundamental para o desenvolvimento do turismo – como o senhor analisa os problemas relacionados à precariedade das estradas e dos aeroportos?

A questão do acesso, tanto rodoviário quanto aéreo, é fundamental, é claro, para o desenvolvimento da atividade turística em qualquer destino. Foi por isso que, em 2005, com estratégica visionária, o Governo do Estado transferiu os voos do Aeroporto da Pampulha para o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, com a expectativa de desenvolvimento do Vetor Norte de Belo Horizonte, e já prevendo o congestionamento do trafego aéreo nacional, concentrado no Rio de Janeiro e em São Paulo. Desde então, o Governo do estado tem canalizado esforços para ter um aeroporto estruturado e que atenda ao aumento constante da demanda de passageiros. Confins apresentou crescimento de demanda superior à média nacional no último ano (23,47% para voos domésticos e 20,38% para internacionais). Quando ficar pronta a ampliação do Terminal para oito milhões de passageiros, nossa necessidade já estará saturada. A Infraero e o Governo de Minas já trabalham para a construção do Terminal 2 de acordo com normas e especificações internacionais. Esperamos que seja a  solução para os próximos anos. Trabalhamos para que tenhamos um aeroporto com segurança, acesso e tecnologia para expandirmos, cada vez mais, o Programa Decola Minas Minas, que objetiva atrair novos voos nacionais e internacionais para a capital mineira. Além disso, o Governo de Minas vem investindo na estruturação dos aeroportos regionais, por meio do Proaero. Até o momento, o estado investiu R$ 249 milhões na recuperação de 23 aeroportos mineiros. Sobre as estradas, Minas Gerais tem feito bem o seu papel. Por meio do Proacesso, o Governo de Minas melhorou a infraestrutura de acesso em todas as regiões do Estado. Ligou por asfalto os 225 municípios que não possuíam esse tipo de benefício. No total, foram pavimentados 5,5 mil Km de rodovias, beneficiando diretamente mais de 1,5 milhão de pessoas. Agora, precisamos de investimentos do Governo Federal em nossas rodovias federais.


Os governos são agentes indutores e fomentadores da atividade turística. O turismo é feito em 90% pelas mãos da iniciativa privada, principalmente pelos micro e pequenos empresários.


 Na opinião do senhor, qual é o peso e a importância da participação da iniciativa privada no setor turístico?  O senhor acredita na ampliação dos investimentos?

Os investimentos da iniciativa privada crescem substancialmente. Cito como exemplo o setor hoteleiro: Belo Horizonte pode ganhar 40 novos hotéis até 2014. Os investimentos privados já somam recursos na ordem de 2, 5 bilhões de reais somente na construção de hotéis em Minas Gerais. Como são vários os segmentos que investem no setor, estamos desenvolvendo um trabalho para identificar e agrupar os diversos investimentos existentes. É necessário ratificar a força do setor turístico, pois precisamos incrementar ainda mais as “PPP” (Parceria  Público Privada) como a do Mineirão, uma iniciativa vitoriosa. Vamos continuar a busca por  mais parcerias com a iniciativa privada para que o estado fique livre para investir nas áreas estratégicas como educação e saúde. Na realidade, os governos são agentes indutores e fomentadores da atividade turística. O turismo é feito em 90% pelas mãos da iniciativa privada, principalmente pelos micro e pequenos empresários. É função das administrações públicas, municipais e estaduais incentivarem a organização do setor, criando e induzindo a formação de órgãos e colegiados para o debate de temas e discussão em torno da atividade turística. Nesse sentido é que foram criados o Conselho Estadual de Turismo os Conselhos Municipais.

— Então o senhor diria que as associações, como a dos Circuitos Turísticos, são instâncias importantes para a definição de programas e projetos da secretaria?

O foco desta gestão do turismo mineiro é voltado para a interiorização das ações com o objetivo de beneficiar todas as regiões deste imenso estado.  O Programa de Regionalização do Turismo — reconhecido nacionalmente por meio da atuação das 46 associações de Circuitos Turísticos implantadas em todas as regiões do estado —  faz parte do sistema de gestão do turismo trabalhado pela Setur. Com estas associações, a Setur trabalha com o olhar atento para o interior, cujo objetivo final é o desenvolvimento dos municípios e a consequente geração de emprego e renda para os mineiros.  Estas associações são as nossas instâncias de governança, que executam a política pública do turismo de forma descentralizada e articulada nos municípios. Este programa em Minas Gerais  recebeu, nos últimos dois anos, 11 dos 26 troféus Roteiros do Brasil — uma promoção do Ministério do Turismo — como reconhecimento dos “exemplos de sucesso” do Programa de Regionalização do Turismo em todo território nacional. Isso demonstra que a gestão do turismo mineiro está no caminho certo.

— Qual é o papel da Setur no que se refere aos projetos relacionados à Copa de 2014?

Nós realizamos um trabalho junto com a Secopa (Secretaria Especial da Copa) e está decidido que vamos ficar responsáveis pela preparação dos roteiros turísticos e dos receptivos de cada uma das cidades. Existe uma integração muito forte dentro do governo, inclusive com a participação das empresas estatais.  Para a Copa do Mundo de 2014, a Secretaria de Estado de Turismo trabalha 22 destinos, considerados Destinos Indutores do Desenvolvimento Regional, que serão priorizados em investimentos em todas as áreas de Governo — indo desde a infraestrutura até a promoção para o público final. Esses municípios recebem anualmente o Estudo de Competitividade, por meio de um questionário de 500 perguntas, que analisa os diversos aspectos que influenciam a competitividade turística dos destinos como infraestrutura, turismo, políticas públicas, economia e sustentabilidade.  A aplicação deste estudo é uma oportunidade única para o turismo mineiro e uma ferramenta de avaliação e planejamento para que os prefeitos, Governos Estadual e Federal possam nortear suas políticas públicas de fortalecimento e incremento das regiões. A visita da presidente Dilma Rousseff em BH por ocasião do evento dos  “1.000 dias para o inicio da Copa” demonstra a qualificação de Minas Gerais, mostra que o Brasil está em dia com as ações e não há exemplo melhor das ações coordenadas, planejadas e com os prazos rigorosamente cumpridos do que Minas Gerais.

— Como o senhor define Minas como destino turístico?

É sempre fundamental mostrar o quanto é grande e diversificada a oferta turística em Minas Gerais, um destino turístico especial neste país. Nosso estado abriga cerca de 60% do patrimônio cultural brasileiro. Muitos, portanto, são os atrativos, produtos e destinos turísticos de Minas Gerais. Muitas belezas, vivências únicas e surpresas são reveladas pelos caminhos da Estrada Real, pelas cidades históricas e pelas fazendas, parques, estâncias hidrominerais ou em qualquer uma de nossas regiões. Minas Gerais é também  um estado ideal para novos investimentos e para a realização de grandes feiras, eventos  e convenções.


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